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Força

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Aviso de gatilho: violência física, sexual, pedofilia, automutilação. - Acesse a sua força. – Foi a última expressão que minha terapeuta falou. Assim, vagamente, parece uma frase pronta que qualquer site ou postagem de saúde mental estaria dizendo a fim de impactar pessoas que não muito corriqueiramente pensam sobre si. Para quem sabe pouco, pouco basta. Porém sou uma doutoranda em psicologia, uma teóloga. Para quem se enrijeceu muito, muito é necessário, pouco me afeta. Difícil ser cristã quando pouco te afeta. No caso de ser psicóloga, até é bom. Mas quanto a minha fé, se torna bastante difícil. Recentemente meus pais me convocaram a ver vídeos de meus aniversários, de um a oito anos. Meu marido precisava ver e eu acho essa nostalgia levemente divertida. Me vi rindo e me divertindo, abraçada com amigos e familiares e por um instante até longo eu realmente acreditei que tinha tido a infância perfeita. Cheguei a me questionar por que eu me neguei tanto a gostar de me ver crianç

O que aprendi de minha crise espiritual de 2021 – Ou sobre um Jesus fora do presépio.

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 Arte de Scott Erickson : https://www.instagram.com/scottthepainter/ Nosso texto base será Lucas 2.1-7, que diz: Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-se lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.   Eu amo Natal e, particularmente, amo presépios. Quem vê minha casa percebe de modo muito evidente isso. Tenho vários, faço uma pequena coleção. De modo muito especial eu sinto que o presépio é um dos poucos símbolos populares de Natal que me r

Deixa passar.

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  Deixar passar.   Não há mais lugar para mim. Deixa passar. Tinha um stories bacana para ver, mas o tempo cantou então, Deixa passar. Uma data para falar, Deixa passar. Um textão, uma imagem, Deixa, deixa... Os dias correram sem avisar, levaram muito do que eu era, Me deixei passar. Pandemia, Nostalgia, Vazia, Ih, deixei passar. Quem sou e- Já passou. Espere, o que ficou? Deixa passar. Deixa, deixa... Ah, o fluxo dos dias mortos! Um riacho que leva as folhas para longe. A beleza do passageiro e a dor da impermanência. Deixa passar? Só sei que a hora em que comecei o poema já não é mesma de agora. Não sei mais ficar, não sei mais ir. Não sei quem sou eu e acho que ninguém mais sabe. Deixa passar.

Saúde mental, a igreja e a nossa libertação [Pregação]

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  Luis me fez o convite para fazer a pregação pensando na campanha do Setembro Amarelo, já que seria o último dia do mês. Setembro Amarelo surge em 2014 graças a um acordo da CVV (Centro de Valorização da Vida), Associações médicas e de psiquiatria. Já existe a data de combate ao suicídio desde 2003, sendo 10 de setembro, mas faz pouco tempo que decidiram criar uma campanha de um mês. Se trata de uma campanha preventiva, de estimular com que as pessoas se cuidem quanto a sua saúde mental de modo responsável, ok? E isso a Bíblia até nos ajuda a lidar, como vamos ver hoje. Eu já estive nesse lugar de desejar morrer, não uma nem duas vezes, mas algumas. E em uma das vezes o texto que Deus me trouxe para ajudar nesse processo é esse que vamos conversar, que está em Lucas 8.26.39. E navegaram para a terra dos gadarenos, que está defronte da Galiléia. E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não an

Marcha das Madalenas - LGBTS

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Gn. 1.31 – Viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom. E viu que era bom! Muito bom! Provavelmente todas e todos que estão aqui hoje já duvidaram disso. Duvidaram de si, de suas capacidades, de suas identidades ou de seus desejos. E era muito bom! Na nossa fé cristã ouvir isso é um tanto incômodo. Eu nasci na igreja presbiteriana, calvinista raiz, aonde o conceito de total depravação da humanidade é central. Não há nada de bom na humanidade, pecadores e por isso precisamos de graça.   Se perguntarem para mim se creio mesmo nisso, vou dizer que sim, mas que falta uma boa parte da explicação sobre isso. Antes dessa explicação, quero falar um pouco de minha história. Eu tinha sete/oito anos de idade quando eu descobri que existia a possibilidade de se gostar de meninas. Sempre gostei de cultura japonesa e na época eu amava Sakura Card Captor. Eu era uma menina de cabelo curtinho loiro e tinha uma melhor amiga, com cabelos longos e escuros. Eu sempre fingia que era a Sak

Um minuto

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Hoje o céu acordou pálido, Estranhamente pálido. Meu sono incerto faz com que as lágrimas nem o júbilo existam, Sentimento antigo que tinha deixado se perder - Deixei perder porque tinha um vagalume ao meu lado. Posso viver sem ele? Posso. Quero viver sem ele? De modo algum. Sinto falta de seus dedos entrelaçados nos meus, Do seu sorriso, da nossa paz. Parece que em um minuto isso se desfaz e eu me vejo ali: Só, sem meu vagalume. Dá para viver só? Dá. Quero viver só? De jeito nenhum. Que saudade dele! Mesmo que tenha sido umas horas, poucos segundos, Alguns silêncios, nenhum beijinho. Parece que esse pouquinho conseguiu tirar toda a luz que tinha ao redor. Sei que não é eterno, mas que falta faz. Uma respiração longe é como se a morte tivesse vindo, Não vejo seu peito se mover perto de meu ouvido. Então dói. Será que eu sou patética por estar apaixonada? Por quem eu sempre amei e irei de amar? Não importa, sinto tristeza. Eu só quero acaric

Setembro

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Recentemente li um poema, cujo nome era Novembro. As redes sociais me puxaram para dentro desse abismo, como se ouvissem a voz da minha sombra, E como uma espada as palavras transpassaram por mim. Uma chaleira, um mês, três sílabas e um lençol. Ainda doi. Com frequência me perguntam do porquê de lembrar tanto, afinal hoje sou tão mais feliz do que ontem.  Talvez seja porque se você já morreu antes,  a memória nunca vá embora. Posso viver pelo resto de minha vida,  Posso até morrer novamente, Mas eu sempre lembrarei das vezes em que morri: Julho de 2007 Julho de 2012 e, principalmente, 19 de novembro de 2017. Com frequência me perguntam do porquê de ter ainda essas mortes dentro de mim, mas na verdade eu as tenho como marcos de vida; nunca se morre para sempre. É estranho pensar que a primavera vem mesmo depois da morte,  e curioso ver que sempre foi assim para mim. Talvez seja por isso que eu desisti de esquecer.  [Não foi por falta de tentativas] A verdade é que cicatrizes vão sempre